Outlander ou como ficar obcecada por kilts


Outlander é baseada em uma série de livros (que Deus me ajude!) da autora americana Diana Gabaldon. A história narra a trajetória de Claire, uma enfermeira da Segunda Grande Guerra que, quando o conflito chega ao fim, viaja em uma segunda Lua de Mel com seu marido Frank, tentando recuperar a intimidade perdida no tempo que estiveram afastados. O destino do casal é Inverness, na Escócia, para que Frank pesquisasse sobre seu antepassado, um soldado inglês chamado Jonathan Randall.



Eis que algo mágico acontece: Claire, após presenciar uma dança druida em Craigh na Dun (uma espécie de Stonehenge escocesa), toca em uma das pedras e é levada duzentos anos no passado, encontrando o antepassado cruel de seu marido e o jovem guerreiro escocês Jamie Fraser, que acaba tornando-se seu marido.

A série de livros é formada por:

  • A viajante do tempo (1991)
  • A libélula no âmbar (1992)
  • O resgate no mar (1993)
  • Os tambores de outono (1996)
  • A cruz de fogo (2001)
  • Um sopro de neve e cinzas (2005)
  • Ecos do futuro (2009)
  • Escrito com o sangue do meu próprio coração (2015)

Cada temporada é a adaptação de uma parte da série literária. Hoje a produção encaminha-se para sua terceira temporada, prevista para abril/2017. A primeira temporada completa está disponível no serviço de streaming Netflix.

Contextos históricos

A história começa um tempo depois do chamado Dia da Vitória (08 de Maio de 1945) quando, oficialmente, os Aliados venceram o Eixo na Segunda Grande Guerra, que durou de 1939 à 1945. Claire é uma enfermeira no front inglês.

Parece, porém, que não haverá paz para Claire. Nossa heroína volta no tempo para o ano de 1743 entre levantes da Escócia e Irlanda que querem a restauração do reinado da Casa de Stuart, conflito ainda baseado entre católicos e protestantes. Estes levantes são comumente chamados de Insurreições Jacobita.

Quando Claire aporta no século XVIII é encontrada pelo antepassado de seu marido – Jonathan “Black Jack” Randall – é quase estuprada por ele, sendo salva pelos homens do clã Mackenzie. Agora ela estava do outro lado do front inglês. Na história escocesa o chefe e o clã Mackenzie, durante o levante de 1715, apoiaram a causa jacobita. No entanto, durante a insurreição jacobita de 1745, o clã foi dividido com o chefe, Kenneth Mackenzie (Lord Fortrose), apoiando o governo britânico e seu parente, George Mackenzie (3º Conde de Cromartie), apoiando os jacobitas.

Já o clã Fraser – de Jamie – no levante de 1715 apoiou o governo britânico. Seu chefe, Simon Fraser (11 º Lord Lovat) mudou de lado algumas vezes, sendo capturado, julgado por traição e executado em Londres em 9 de abril de 1747.

A Escócia de Outlander

As paisagens das Highlands (Terras Altas em português) escocesas são um espetáculo à parte. Não tem como você assistir a Outlander e não querer arrumar as malas e ir para a Escócia.

Outra coisa que irá deixar você maluco – principalmente se gostar de línguas antigas – são os discursos em gaélico escocês. Essa chegou ao país no século V, trazida pelos irlandeses e atualmente o idioma é falado apenas por 2% dos habitantes da Escócia (regiões setentrionais).

Não assistiu, assista!


Vamos falar sobre Star Trek?



Star Trek tem números assombrosos como 30 temporadas com 725 episódios. Assombroso é também o número de fãs da série. Quer entrar nesse grupo de milhões? Então comece sabendo:

10. Quantas temporadas teve Star Trek?

Depende do que se entende por Star Trek. Se contarmos apenas a chamada Star Trek: The Original Series (título traduzido no Brasil para Jornada nas Estrelas: A Série), temos três temporadas de setenta e nove episódios, exibidos originalmente pela NBC entre os anos de 1966 e 1969. Agora, se formos contabilizar seus spin-offs, o número aumenta para 30 temporadas com 725 episódios. Resumindo, fica assim:

  • Jornada nas Estrelas: A Série – 03 temporadas de 79 episódios (1966 – 1969)
  • Star Trek: The Animated Series – 02 temporadas de 22 episódios (1973 – 1974)
  • Star Trek: The Next Generation – 07 temporadas de 178 episódios (1987 – 1994)
  • Star Trek: Deep Space Nine – 07 temporadas de 176 episódios (1993 – 1999)
  • Star Trek: Voyager – 07 temporadas com 172 episódios (1995 – 2001)
  • Star Trek: Enterprise – 04 temporadas de 98 episódios

09. E quantos filmes?


Sem contar os três últimos filmes de J.J. Abrahams – Star Trek, Star Trek: Além da Escuridão e Star Trek: Sem Fronteiras, que estão fora do cânone, isto é, não fazem parte do mesmo universo da série televisiva – existem dez filmes de Star Trek. São eles:

  • 1979 – Jornada nas Estrelas: O Filme
  • 1982 – Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan
  • 1984 – Jornada nas Estrelas III: À Procura de Spock
  • 1986 – Jornada nas Estrelas IV: A Volta para a Terra
  • 1989 – Jornada nas Estrelas V: A Última Fronteira
  • 1991 – Jornada nas Estrelas VI: A Terra Desconhecida
  • 1994 – Jornada nas Estrelas: Generations
  • 1996 – Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato
  • 1998 – Jornada nas Estrelas: Insurreição
  • 2002 – Jornada nas Estrelas: Nêmesis

08. Star Trek é ficção científica?



Mil vezes sim!

Existe discussões sobre o que podemos considerar Ficção Científica. Por isso, sempre proponho a seguinte definição para o termo:
Pode-se classificar como Ficção Científica apenas narrativas em que explicações científicas ou pseudocientíficas sejam fundamentais para o desenrolar da história.
Se não houvesse a velocidade de dobra, os tripulantes da Enterprise não seriam capazes de “ir onde nenhum homem jamais esteve”

07. Tá, mas o que é essa tal de velocidade de dobra?


Para entendermos um pouco da velocidade de dobra – ou warp drive no original – precisamos falar sobre a Teoria Especial da Relatividade ou Teoria da Relatividade de Albert Einstein.

A famosa fórmula E=mc² deu-nos uma fonte de energia para propulsionar uma nave como a Enterprise: a energia nuclear. Essa restringe, porém, o limite de velocidade à Velocidade da Luz. Sendo assim, com a tecnologia que temos hoje, a escassez de energia nuclear e podendo apenas chegar a Velocidade da Luz, não conseguimos viajar de forma que nossos bisnetos ou tataranetos estejam aqui para nos receber. Para isso, os roteiristas inventaram o Warp Drive que consiste em viajar através dos Wormholes (buracos de minhoca).

Os buracos de minhoca são, a grosso modo, atalhos no contínuo espaço-tempo (sistema de coordenadas utilizadas para estudo da relatividade restrita e relatividade geral). Ainda hipotéticos, eles encurtariam essas viagens, criando uma ponte entre a origem e o destino.

Para maiores informações sobre como o Wormholes funcionam e como eles ajudariam na viagem no tempo, segue uma conversa que tive com minha amiga e professora, Tainá Farias.

06. E a famosa Data Estelar?


De forma geral, um episódio da franquia Star Trek sempre começa com o capitão fazendo anotações em áudio em seu diário de bordo. Como todo diário, a primeira coisa que Kirk ou Picard incluem é a data dos acontecimentos do dia. A forma de contagem de tempo escolhida pelos criadores da série é a Data Juliana (também chamada de Dia Juliano), utilizada pela astronomia quando necessário quantificar a cronologia do universo. Sendo assim, não precisaríamos decorar todos os calendários utilizados no universo (como será que os klingons contavam o tempo?), pois convenhamos: já é difícil nos entendermos com os que tem na Terra (Gregoriano, Judaíco, Lunar…)

05. Quais as diferenças marcadas pelos uniformes?


Sim caros leitores, as cores dos uniformes em Star Trek tem significado: o uniforme amarelo ou dourado é utilizado por tripulantes do comando, de navegação e armas. Já o uniforme vermelho é usado por tripulantes da engenharia e segurança. O uniforme azul é utilizados para os tripulantes pesquisadores (ciência) ou médicos.

Os uniformes, assim como as funções a eles atribuídas quanto a cor desses modificam-se conforme a produção e/ou spin off.

04. Qual o tamanho da Enterprise?


Depende de qual Enterprise estamos falando. No universo de Star Trek foram criadas sete naves com o nome Enterprise: SS Enterprise, USS Enterprise, USS Enterprise-A, USS Enterprise-B, USS Enterprise-C, USS Enterprise-D e USS Enterprise-E. Caso esteja falando sobre a primeira que conhecemos, comandada pelo capitão Kirk, essa possuí aproximadamente 300 metros. Já a que aparece nos filmes de J.J.Abrahms chega a aproximadamente 725 metros.

03. Quais os vilões mais famosos de Star Trek?


Entre a galeria de vilões do universo Star Trek, é possível destacar:

  • Durante a série clássica, os maiores vilões da Frota Estelar eram os Klingons que, pretendiam expandir seu império, fazendo colônias por onde quer que passassem. Mais tarde, com a vigência do Tratado de Paz, motivada pela ajuda dada pela Federação após a explosão de um satélite de Kronos (lar dos klingons).
  • Khan é um super-humano, geneticamente modificado, que após as Guerras Eugênicas na Terra, foi colocado em uma espécie de animação suspensa, até ser encontrado e trazido novamente a vida pela tripulação da Enterprise. Inteligente, mas violento, faz oposição ao capitão Kirk. Apareceu pela primeira vez na série clássica, no episódio Space Seed.
  • Q é uma espécie de ser com poderes ilimitados. Onipotente e Onisciente, sempre aparece para testar os tripulantes da Enterprise e identificar quanto a humanidade desenvolveu-se.
  • Os Borg são seres cibernéticos que compartilham uma única mente, isto é, estão conectados e querendo conectar outros a essa grande rede. “Resistir é inútil”.

02. Quais tecnologias de Star Trek tornaram-se realidade?


Infelizmente ainda não chegamos na era do teletransporte, mas muitas foram as tecnologias que vimos em Star Trek e que hoje são realidade, como, por exemplo:

  • Comunicadores: o famoso StarTAC da Motorola, lançado em janeiro de 1996, é um dos exemplos mais famosos da influência da Cultura POP no cotidiano.
  • Na lista dos melhores gadgets dos últimos 50 anos da revista PC World (IDG), publicada em 2010, o celular ficou em sexto lugar, perdendo apenas para o CD Player Sony CDP-101, PalmPilot 1000, ReplayTV RTV2001, Apple iPod e Sony Walkman TPS-L2.
  • Padd: dispositivos com o tamanho de um bloco de anotações, com uma tela sensível ao toque que podia acionar funções do computador da Enterprise, os Padds parecem muito com nossos tablets e iPads
  • Tradutor universal: ainda imprecisos – uma vez que a inteligência artificial não chegou ao nível de interpretação semântica – os tradutores são inúmeros e podem estar em qualquer celular, instalando-se um simples aplicativo.
  • Raios tratores: em Star Trek, os raios tratores eram utilizados para atrair corpos para a nave. Em outubro deste ano cientistas criaram o raio trator sônico capaz de mover objetos.

01. Quais as diferenças dos filmes de J.J. Abrahams e o cânone?


Os dois longas que trouxeram Star Trek novamente aos cinemas (Star Trek e Star Trek: Além da Escuridão) passam-se em uma realidade alternativa, o que deu uma maior liberdade criativa para o diretor e colaborador de roteiro J.J. Abrams. Mesmo tendo McCoy, Spok, Kirk, Uhura dentro da Enterprise, esse distanciamento fez com que estórias já contadas fossem abordadas de forma distinta, como o vilão Khan e a presença dos pingos.

Quando leitores viram haters?


O professor de cinema Ismail Xavier em seu ensaio Do texto ao filme: a trama, a cena e a construção do olhar no cinema afirma que, em uma adaptação, o lema deve ser:
ao cineasta o que é do cineasta, ao escritor o que é do escritor
Essa frase contraria o que nós, leitores, queremos ver na tela do cinema: o livro-filmado ou, em uma linguagem mais popular, um filme “fiel ao livro”. Em termos que ainda referem-se ao texto de Xavier, queremos que não só a fábula (isto é, a história e sua sequência de acontecimentos) seja fiel, mas que a trama (modo como a narrativa é tecida) também seja.

Toda adaptação é como uma tradução, só que ao invés de dois idiomas, temos duas mídias diferentes. Por isso, existem algumas nuances de produção que nós, como amantes da estória contatada, nem levamos em consideração, quando um filme é feito, como: o número de personagens, tempo da ação, público-alvo, locações, custo… E aí, reclamamos, e como reclamamos! Reclamamos, por exemplo:

“Não acredito que Keira Knightley vai fazer a Anna Karenina!”


Sou uma fã incondicional de quadrinhos. Ao descobrir que quem faria o Coringa em O Cavaleiro das Trevas seria Heath Ledger, a primeira coisa que eu disse foi “O Nolan (o diretor) está maluco! Ele está querendo o quê? Brokeback Batman!”

Não me levem a mal. Não estava criticando o lindo Brokeback Moutain de Ang Lee, mas ver um dos cowboys do longa como o melhor vilão da DC Comics – o mesmo ator que tinha feito, anos antes, 10 coisas que eu odeio em você – era demais pra mim. Que bom que quebrei a cara, mas, infelizmente, nem sempre assim… Quando começaram a pipocar as primeiras imagens de Percy Jackson: O Ladrão de raios, dirigido por Chris Columbus, a primeira coisa que eu ouvi foi “a Annabeth é loira, por que vão colocar Alexandra Daddario no papel?” No final, Daddario viver Annabeth foi o menor dos problemas…

Para diretores autorais como Tim Burton, por exemplo, os protagonistas serão feitos pelos seus queridinhos, como aconteceu com Batman de 1989, onde o grande parceiro do diretor – Michael Keaton – viveu o morcegão. Possivelmente se fosse em uma produção mais recente, seria Johnny Depp ~Deus me livre!~

É claro que não só os diretores tem voz, os produtores também, e quando eles falam pensam em cifrões. E o que traz números pornográficos para as bilheterias? As super-estrelas. Se não isso, como explicar Keanu Reeves em Constantine ou Angelina Jolie em Lara Croft: Tomb Rider?

Outra coisa que também acontece muito é a alteração da faixa etária das personagens. A adaptação do livro The Jane Austen Book Club, de Karen Joy Fowler (sem tradução no Brasil) diminui em dez anos as idades de todas as personagens. Por exemplo Alegra, a mais jovem do grupo e filha de Sylvia, no filme tem 20 anos, mas no livro 30. Nesse caso, nem precisamos pensar muito: quem vai mais ao cinema, a senhora de cinquenta anos – como Sylvia e Jocelyn do livro – ou as quarentonas – Jocelyn é vivida por Maria Bello – do filme? Tudo é uma questão de identificação e público-alvo.

De todos os motivos, porém, o que mais incomoda é o comumente chamado whitewash, ou seja, transformar uma personagem que é étnica em caucasiana. Será que os gringos não conseguem sentir empatia por pessoas que não sejam seus pares? Alguns exemplos são: Christian Bale como Moisés; Russell Crowe como Noé; Justin Chatwin como Goku e; Jennifer Lawrence como Katniss.

“Sabe aquela parte do passeio no zoológico com Mary Poppins? Não tem no filme”


Dependendo do foco narrativo escolhido pelo diretor, alguns trechos da obra serão minuciosamente desenvolvidos (cenas), outros apenas serão citados e outros tantos nem aparecerão na trama. Por exemplo, em O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola, somos apresentados ao chefe da família Corleone, Don Vito e, principalmente, até onde estende-se o seu poder. A escolha dos roteiristas – o próprio Coppola e o autor do livro homônimo, Mário Puzo – foi mostrar não como Don Corleone chegou ao comando de uma das grandes famílias da máfia de New York – mesmo isso sendo contado em detalhes no romance -, mas a trajetória de Michael Corleone, seu filho, que inicia a estória como herói de guerra e termina como o Poderoso Chefão do título.

“Por que cortaram o Pirraça de Harry Potter?”


Muitas vezes personagens são simplesmente cortados ou amalgamados a outros. O Tom Bombadil, por exemplo. Para alguns fãs de O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien, essa é a parte do livro mais infantilizada. Muitos até confessam pular as partes em que a personagem aparece. Parece que o diretor do longa, Peter Jackson, é um desses fãs: simplesmente limou a participação da personagem.
Também não é rara a união de ações de dois personagens em uma. Em Batman Begins, de Christopher Nolan, Henri Ducard treina Bruce Wayne nas artes do ninjitsu. Mais tarde Wayne descobre que, na verdade, Ducard é o terrorista Ra’s Al Ghul. Nos quadrinhos Ra’s Al Ghul não tem nenhuma ligação com Henri Ducard.

Personagens em um filme significa número atores; mais atores em um filme significa gastar mais dinheiro.

Você deve estar pensando: então por que colocaram aquela super-elfa Tauriel em O Hobbit? Simples: um filme classificado como “para toda a família” precisa de personagens com os quais os espectadores identifiquem-se. Em O Hobbit de Tolkien não havia nenhuma personagem do sexo feminino. É mais ou menos o que fizeram com a equivocada adaptação da grapic novel A Liga Extraordinária, de Alan Moore. Entre os “super-amigos” do período vitoriano, colocam uma personagem americana – Tom Sawyer – que nem ao menos é citada nos quadrinhos, sendo ainda pior: fazem uma metáfora de que ele seria o substituto jovem para o velho inglês Alan Quarteman. Terrível…

“Como assim já chegaram em Bri?”


Um filme, com corte para cinema – esqueça a famigerada “versão do diretor” – chega a ter, no
máximo, 3 horas, isto é, 180 minutos. Nesse tempo, o diretor terá que fazer com que sua história seja contada e tenha coerência narrativa. Por isso, por exemplo, não dá tempo de mostrar como Don Corleone conseguiu se tornar o chefe da família – história que ficou para o segundo longa da trilogia – nem de esperar Frodo completar 50 anos – sim, ele espera 17 após ter recebido o Um anel de Bilbo – para cumprir sua jornada.

“Lestat não aparece no final do livro no carro de Daniel Malloy”


O Final. Creio que de todas as reclamações aqui indicadas, possivelmente, essa seja a mais incômoda. Um final ruim em um filme original já nos põe em prantos, agora imagine na adaptação de nossa estória favorita? Aqui, ao subir os créditos, quando começamos a comparar a obra original ao produto final, é que deveríamos lembrar da frase de Ismail Xavier “ao cineasta o que é do cineasta, ao escritor o que é do escritor”. Ao cabo, são duas obras diferentes. São duas formas de ver uma estória!

Vamos falar sobre Ficção Científica?


Segundo Bráulio Tavares em O que é ficção científica, a expressão Science fiction foi utilizada pelo editor da revista Amazing Stories, Hugo Gernsback, para definir a literatura que ele próprio incentivava. A repercussão em torno do termo foi tão grande, que o escritor Robert Heinlein, autor de Tropas Estelares, sugeriu a troca por “ficção especulativa”. O termo, porém, já tinha se cristalizado entre seus consumidores. A partir desse episódio, o Bráulio justifica que a presença de uma racionalização científica não é necessária para classificar uma obra como tal, conforme trecho abaixo:

Grande parte da fc está mais voltada para a magia do que para a ciência: todo o aparato tecnológico que a reveste não consegue disfarçar o caráter não-científico da maioria de suas visões. As coisas acontecem magicamente: aperta-se um botão e um personagem é desintegrado, ou é remetido para outra galáxia, ou vira planta.

Podemos entender que a explicação que Tavares propõe  que Star Wars – visivelmente uma aventura que se passa no espaço, em um futuro e galáxia “muito, muito distantes” – aproxima-se em classificação do filme Contato, baseado no romance do astrobiólogo e físico Carl Sagan.

Para a escolha dos livros, séries, filmes e quadrinhos abaixo, propõe-se que para ser Ficção Científica as narrativas tem explicações científicas ou pseudocientíficas fundamentais para o enredo da obra.

Primórdios » Frankenstein de Mary Shelley

Mary Shelley escreveu Frankenstein para uma competição entre amigos – idealizada por Lord Byron – em que todos deveriam criar histórias de fantasmas. No alto de seus dezenove anos, a autora cria a mais assustadora delas, sem poder imaginar o ícone ao qual estava dando a vida. Muitas foram as leituras e releituras feitas da obra, principalmente para o cinema, que teve sua primeira adaptação em 1910, feita pelo inventor e cientista Thomas Edison e a última em 2014, chamada Frankenstein: Entre homens e demônios, dirigida por Stuart Beattie e baseada graphic novel homônima I, Frankenstein, escrita por Kevin Grevioux.

Além do diálogo com o mito grego (marcado pelo subtítulo “Prometeu Moderno”), ao observar-se o contexto histórico, o romance traz outros temas. A estética principal do período era a romântica tendo essa um forte apelo em refutar a dominação da natureza pelo homem. Some-se a essa visão a Revolução Industrial inglesa, com suas máquina a vapor, e as experiências no campo da bioeletricidade que produzia um sentimento latente de “onde tudo isso irá nos levar”. Pronto, temos o monstro de Frankeinstein publicado vinte anos antes do nascimento de Julio Verne, considerado pai da Ficção Científica.

Robótica » Eu, Robô de Isaac Asimov

Mesmo não tendo sido o russo Isaac Asimov o criador do termo robô (utilizado pela primeira vez por Karel Capek em sua peça R.U.R. – Rossum’s Universal Robots – que deriva da palavra tcheca robota que pode ser traduzido como escravo) é inevitável não associar seu nome ao tema, possivelmente por culpa de uma das suas publicações mais famosas: Eu, Robô.

Publicado em Dezembro de 1950 Eu, Robô é uma coletânea de contos que tem como moldura a entrevista de Susan Calvin para a pesquisa de um jornalista sobre a sua vida profissional na US Robôs e Homens Mecânicos, lugar em que tornou-se robopsicóloga chefe. Grande parte dos nove contos tem como tema problematizações das Três Leis da Robótica que consistem em:

  • 1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal;
  • 2ª Lei: Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei e;
  • 3ª Lei: Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Leis.
Para Asimov, essas impediam o que chamava de Complexo de Frankenstein, isso é, medo dos humanos artificiais.

Viagem Espacial » Star Trek

O que confere o status de Ficção Científica a jornada da SS Enterprise? A premissa da série – “audaciosamente ir onde nenhum homem jamais esteve” – já nos dá uma pista: a velocidade de dobra.

O Warp Drive, ou velocidade de dobra, consiste em viajar através dos Wormholes (buracos de minhoca) que são, a grosso modo, atalhos no contínuo espaço-tempo (sistema de coordenadas utilizadas para estudo da relatividade restrita e relatividade geral). Ainda hipotéticos, eles encurtariam essas viagens, criando uma ponte entre a origem e o destino.

O resultado desta jornada são 30 temporadas com 725 episódios, alternando seus capitães entre Kirk, Jean-Luc Picard,  Kathryn Janeway, Benjamin Sisko e Jonathan Archer.


Steampunk » A Liga Extraordinária de Alan Moore

Steampunk é o termo usado para definir histórias que se passam no século XIX, mas que utilizam-se de certa tecnologia, muitas delas com base no grande invento da época, base da Revolução Industrial: máquinas à vapor.

Em A Liga Extraordinária de Alan Moore, Capion Bond elege Mina Murray – antes Mina Harker – para recrutar os “heróis” mais relevantes de seu tempo com o intuito de servir aos interesses do Império Britânico. Entre esses “heróis” estão Capitão Nemo, Allan Quartemain, Dr. Jekill e Hawlley Griffin.

Com grandes referências Literárias que vão além de suas personagens – se você ainda não ligou “o nome ao livro” deixe ajudar: Mina Murray persongem de Drácula, escrito por Bram Stoker; Capitão Nemo de As Vinte Mil Léguas Submarinas e A Ilha Misteriosa, escritos por Júlio Verne; Allan Quartemain de As Minas do Rei Salomão, escrita por H. Rider Haggard; Dr. Jekill de O Médico e o Monstro, escrito por Robert Louis Stevenson e Hawlley Griffin de O Homem Invisível, escrito por H.G. Wells – a história de Moore e a arte de Kevin O’Neill em seus dois primeiros volumes nos transportam para uma Inglaterra Vitoriana cheia de fumaça e engrenagens.

Distopia » 1984 de George Orwell

Muito antes de Jogos Vorazes, Convergente e Maze Runner veio 1984 de George Orwell. Não, ele não tem protagonistas adolescentes ou triângulos amorosos. Para o protagonista, Winston (vivido no cinema por John Hurt), tudo é apenas dor, amargura e nenhuma luz no fim do túnel.

Distopia é o termo que vem em contraponto a obra filosófica Utopia de Thomas More, que descrevia nela  a sociedade perfeita, como feito pelo grego Platão em A República.

Nas distopias literárias normalmente são apresentados mundos futuros em que a sociedade é reprimida por formas totalitárias de governo, que concentra poderes ilimitados. Em 1984 essa repressão vem de um aparelho parecido com um TV chamado teletela em que o partido, controlado pelo Grande Irmão (Big Brother), transmite imagens de propaganda 24 horas por dia, mas que também captura imagem daquele que as assistem.


Biotecnologia » Jurassic Park de Michael Crichton

O final dos anos 80 foi marcado por avanços nas pesquisas genéticas e em 1990 foi fundado o consórcio Projeto Genoma, presidido pelo chefe de saúde dos Estados Unidos James D. Watson que teve participação de 17 países, incluindo o Brasil. Possivelmente inspirado por esse ambiente o autor estadunidense Michael Crichton  – autor também de obras como Congo, Esfera, A linha do Tempo, O décimo Terceiro Guerreiro e roteirista da série de TV Plantão Médico (E.R.) – publicou em 1990 o livro Jurassic Park, que foi levado aos cinemas por Steven Spielberg.

Para quem ficou em uma caverna e nunca assistiu ao filme, a premissa é simples: A empresa InGen recria os dinossauros a partir de amostras de sangue – isto é, DNA – coletadas em mosquitos preservados desde o período jurássico em âmbar.

Claro que o livro tem trechos de ação, assim como no filme, mas a discussão vai além disso: é correto fabricar vida? Esses dinossauros são realmente dinossauros, uma vez que existe a manipulação de suas características?

Viagem no tempo » Doctor Who

Esta indicação poderia ser de A máquina do tempo de  H.G. Wells, mas acho que essa entraria no item Primórdios uma vez que foi a primeira vez que pensou-se em usar um aparato tecnológico para viajar no tempo. Também poderia ser De volta para o futuro, mas muita gente já falou de McFly e Cia. Na verdade, a ideia é falar o quanto seja possível de Doctor Who <3

Doctor Who é uma série televisiva britânica que alia história com ficção científica, utilizando-se de viagens no tempo. Sua estréia foi em 23 de Novembro de 1963 pela rede BBC e ficou no ar por 26 anos ininterruptos, tendo seu último episódio exibido em 1989. O programa volta a emissora em 2005, com estrondoso sucesso, não só na terra da rainha mas em todo mundo. Hoje está em sua décima temporada.


Super-heróis » Superman

Grande parte das histórias dos grandes heróis de quadrinhos  tem uma premissa científica ou pseudo-científica. Homem de Ferro (armadura tecnológica), Homem Aranha (alteração genética após picada de aranha radioativa, é pois é), X-Men (mutação genética do gen X, que desenvolve-se na puberdade)… Os exemplos são inúmeros e qualquer um desses poderiam ter sido escolhidos para essa indicação, mas, por que então, não começar pelo primeiro?

Superman (ou Super-Homem como falei a maior parte da minha vida) nasceu no conto The Reign of the Superman de Jerry Siegel em 1933, ilustrado por Joe Shuster. Na narrativa Bill Dunn, após entrar em contato com uma espécie de rocha alienígena, adquire super-poderes. As ilustrações trazem o que seria o embrião de Lex Luthor

A personagem foi remodulada e em 1938 na Action Comics nascia o que entendemos hoje como Superman. Características atribuídas a qualquer super-herói como a identidade secreta, os super-poderes, traje especial com símbolo e capa nascem Superman, nesta época conhecida como Era de Ouro.

Cyberpunk » Matrix

Uma história Cyberpunk é marcada pela alta tecnologia – normalmente o governo totalitário das distopias acabam dando lugar a grandes corporações – e baixa qualidade de vida. Em Matrix, quando os humanos estão com suas mentes fora do supercomputador criado para nos mantê-los felizes enquanto servem de pilhas para as máquinas, vestem roupas parecidas com sacos de estopa e comem um espécie de canjica do inferno.

Todo mundo precisa de uma dose de guilty pleasures


Alguns dias não queremos pensar na função narrativa do monolito em 2001 – Uma Odisseia no Espaço ou identificar os planos de câmera inovadores de Alfred Hitchcock. Às vezes, queremos apenas esquecer o dia a dia cruel, mesmo que para tanto esse desejado conforto atente contra nossa dignidade cultural. Sim senhoras e senhores, estou falando dos famigerados guilty pleasures (prazeres com culpa, em tradução livre) e, por favor não finja: sabe aquela série, música ou aquele filme que você não confessa pra ninguém que gosta? Pois bem, é disso mesmo que estou falando. Em um desprendimento – motivado, talvez pela idade ou simplesmente por não me importar muito com a opinião dos outros – listo abaixo produções das quais não me orgulho de gostar, mas que, em determinados dias, fazem-me muito bem!

Hércules – Uma Jornada Lendária

É difícil pensar que Kevin Sorbo tenha convencido tanta gente como o filho do todo-poderoso Zeus e da humana Alcmena, mas aconteceu. Foram seis temporadas, cinco telefilmes, dois spins-off  (Jovem Hércules e Xena – A princesa Guerreira) e exibição em duas emissoras aqui no Brasil, SBT e Record. A premissa era simples: Hércules e seu amigo Iolaus (Michael Hurst) percorriam o mundo conhecido vivendo aventuras baseadas nas façanhas mitológicas do herói.

Xena – A Princesa Guerreira

Se é difícil imaginar como engolimos Kevin Sorbo na pele de Hércules, não há dúvidas que Lucy Lawless tinha nascido para viver uma guerreira. Xena teve seis temporadas e um fandom apaixonado, ativo ainda hoje, mesmo após quinze anos do término da série (o último episódio foi exibido em 18 de junho de 2001).

Assim como em Hércules, a série acompanhava a viagem da protagonista e sua amiga (ou um ambíguo interesse amoroso) Gabrielle, vivida por Renée O’Connor, que tinha como objetivo ajudar aos necessitados, redimindo-se de seu passado violento. Mesmo achando que a relação entre Xena e Gabrielle era menos ambígua que costumam dizer, adorava mesmo quando o lindo deus da carnificina guerra, Ares, interpretado pelo já saudoso Kevin Tod Smith, aparecia. O desejo entre os dois não era, além de físico, simbólico: era Ares que incitava Xena a matar e ao delírio da batalha. Não só Ares apareceu em Xena, outros deuses também atrapalharam sua jornada como Afrodite (Alexandra Tydings) e Eros, vivido pelo ainda desconhecido Karl Urban (que também deu vida a Júlio César, a partir da quarta temporada).


O Mundo Perdido

Nem só de Sherlock Holmes viveu o autor Arthur Conan Doyle. Além do seu detetive mais famoso o escritor também criou Professor Challenger que tem sua primeira aventura narrada no romance O mundo perdido em que, ao aventurar-se em uma expedição na bacia amazônica, encontra um lugar onde dinossauros e outras criaturas já extintas ainda vivem. Na série homônima Challenger  é vivido pelo ator Peter McCauley.

O mundo perdido teve três temporadas que foram exibidas entre 1999 a 2002.


The Labrarians

Imagine se todos os artefatos mágicos que conhecemos da ficção como a Excalibur ou a Pedra Filosofal existissem. E mais: que todos esses itens mágicos estivessem protegidos em uma grande biblioteca, fora do alcance de uma organização do mal que deseja libertar novamente a magia para o mundo e que seu protetor fosse, bem, um bibliotecário? Pois bem, essa é a premissa de The Librarians, série baseada na trilogia de filmes O Guardião – Em busca da Lança Sagrada (2004), O Guardião-O Retorno as Minas do Rei Salomão (2006) e O Guardião 3 – A Maldição do Cálice de Judas (2008), todos estrelados por Noah Wyle na pele de Flynn Carsen.

É possível assistir as duas primeiras temporadas pelo serviço de streaming Netflix.


Chick-Lits

Sou uma leitora de obras clássicas. Tenho uma resistência a leitura de Young Adults (mas gosto de Percy Jackson e os Olimpianos e Jogos Vorazes) e Best-Sellers (apesar de ter lido O Código Da Vinci). O problema é que nunca consigo engatar uma leitura muito densa em outra também muito densa. Tenho o que chamam por aí de ressaca literária: se o livro é muito complexo, preciso de um tempo para despedir-me dos amigos que conheci e que me fizeram crescer um pouquinho mais como ser humano (não é para isso que a Literatura existe?). A solução que arranjei é ler livros leves, muito parecidos com as comédias românticas americanas. Entre os que já li, vale citar O diário de Bridget Jones que, mesmo com todos os problemas que encontrei nele (post no blog da minha amiga Amanda Inventário Literário) é extremamente divertido, assim como sua continuação Bridget Jones: No Limite da Razão. Fuja, porém, do desnecessário Bridget Jones: Louca pelo Garoto, lançado há dois anos.

Novelas Mexicanas

Não, não gosto de Rebeldes. Também não assisti a todas as novelas que tinham a Thalía  (apenas aquelas que eram co-estreladas por Fernando Colunga). Acho graça nas novelas cômicas como Por ela sou Eva, A feia mais bela e As tontas não vão para o céu que, não por coincidência, são protagonizadas por Jaime Camil que hoje está arrebentando na série Jane, The Virgin, que pode ser assistida pelo serviço de streaming Netflix.


Boleros

Na verdade, não são boleros no geral, mas sim TODOS interpretados pelo cantor mexicano Luis Miguel, mas como já disse Tom Hiddleston em entrevista, certa vez:

What’s my guilty pleasure?
The thing is I never feel guilty about pleasures.

E você, quais são os seus guilty pleasures?